O município de Iguatu se prepara para um momento essencial em sua história judicial, à medida que o julgamento de um caso de feminicídio se aproxima. No centro dessa tragédia está a vida de Marciana, uma mulher forte e trabalhadora que teve sua vida brutalmente interrompida em novembro de 2022. Sua filha mais velha, cuja identidade permanece protegida, compartilhou em um depoimento comovente os detalhes angustiantes que cercam a perda de sua mãe para a violência de gênero.
Marciana era uma mulher incansável, que se desdobrava entre dois empregos para sustentar sua família. Ela saía de casa na sexta-feira de manhã, apenas para retornar na segunda-feira, após um árduo fim de semana de trabalho. Mas, em 18 de novembro de 2022, esse ciclo de esforço e dedicação foi abruptamente interrompido.
Segundo o relato da filha de Marciana, o ex-marido abusivo da vítima havia sido uma presença constante de terror em sua vida. As ameaças, agressões e o controle obsessivo haviam transformado a existência de Marciana em um pesadelo diário. Mesmo com medidas protetivas e denúncias registradas na polícia, a sombra do abuso ainda pairava sobre ela.
Naquele fatídico dia, Marciana decidiu não comparecer ao trabalho. Um pressentimento, talvez, uma intuição que a levou a evitar o destino que a aguardava. No entanto, seu algoz estava determinado a concretizar seus planos malignos. Relatos indicam que ele a interceptou durante o dia, convencendo-a de alguma maneira a acompanhá-lo.
A angústia da filha de Marciana é palpável ao descrever os momentos de desespero em que sua mãe desapareceu. As mensagens não respondidas, as chamadas não atendidas, o crescente temor que se instalou na mente de sua família. Até que a terrível verdade veio à tona: o corpo de Marciana foi encontrado nas margens do Rio Jaguaribe.
O suspeito, identificado como o ex-marido de Marciana, foi detido e aguarda julgamento. No entanto, as perguntas persistem. Como ele conseguiu envolver Marciana mais uma vez? O que aconteceu naquele dia fatídico? E, talvez o mais perturbador de tudo, será que ele agiu sozinho?
O depoimento da filha de Marciana é mais do que um relato pessoal de perda e dor. É um grito de alerta para uma sociedade que ainda luta para enfrentar a violência de gênero em todas as suas formas. Marciana não é apenas uma vítima, mas um símbolo de todas as mulheres que sofrem nas mãos de seus agressores.
À medida que o julgamento se aproxima, a comunidade de Iguatu se une em solidariedade à família de Marciana e em defesa dos direitos das mulheres. Que este caso não seja apenas mais um número nas estatísticas sombrias da violência doméstica, mas sim um marco na busca por justiça e proteção para todas as mulheres que ainda vivem com medo. Que a voz de Marciana ecoe nos corredores do tribunal, exigindo um futuro onde a violência de gênero seja coisa do passado.